O Dr. Custódio José Duarte nasceu em Vila Real de Trás-os-Montes, a 16 de junho de 1841, formou-se em medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, defendeu sua tese em 1865, sobre “Responsabilidade médico-cirúrgica”, em seguida, entre 1865 e 1866 viajou para Cabo Verde, onde rapidamente, como médico tornou-se uma figura proeminente, local que se dedicou pelo resto de sua vida, e desencarnando em Mindelo, Ilha de São Vicente no dia 19 de setembro de 1893.[1]
A estratégica coincidência do Dr. Custódio José Duarte, ao iniciar sua carreira profissional entre 1865 – 1866, na deslocada e bucólica cidade de Mindelo, sem luz, sem água corrente, e, talvez o único médico local, pode-se dizer que dentro da ideia original do Padre Antônio Vieira, de que nada mais poderia sair errado, nos leva a pressupor que tanto o senhor Augusto Messias de Burgos, em seus primeiros momentos de vida, em 12-07-1868, como sua mãe, a senhora Isabel Messias de Burgo, mesmo havendo controvérsias sobre o local onde passou sua juventude, Ilha de São Vicente, ou na Ilha de Santiago[2] local de seu nascimento, mesmo assim apesar do médico Dr. Custódio José Duarte, ter como base a Ilha de São Vicente, provavelmente tinha como sua tarefa dar assistência nas demais ilhas, e isto o coloca de frente com um possível encontro com a família Burgos. Da mesma forma, pela comparação de datas, também podemos pressupor que a esposa do senhor Burgos, a senhora Rita de Cássia que nasceu em 22-05-1872, filha de Mateus Adrião Fortes e de Geralda Fortes, possivelmente também tenha sido assistida pelo Dr. José Custódio Duarte.
Na mesma sequência de raciocínio, também não se pode ignorar o Cônego António Manuel da Costa Teixeira que nasceu em 1865, na Ilha de Santo Antão e o senhor Henrique Baptista Morazzo, que nasceu em 06/11/1885, na Ilha de São Vicente.
Enfim, se desconhece as verdadeiras razões materiais que levaram o senhor Burgos a migrar ao Brasil no início do século XX, mas o real motivo de foro íntimo, de haver mergulhado com determinação na espiritualidade, sabia perfeitamente o que estava fazendo. Com certeza sabe-se apenas, que em sua humilde casa, foi médium de confiança de grandes espíritos, entre eles do Padre Antônio Vieira, e em obediência ao guia espiritual Dr. Custódio José Duarte, além de muitas curas, amenizou as dores e sofrimentos de muitos.
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Assim, embasado na ideia original do Padre Vieira, entre as pessoas beneficiadas pode-se citar ao senhor Luiz de Mattos curado de tuberculose,[3] e ao senhor Luiz Alves Thomaz de suas chagas.[4]
Ainda dentro dessa mesma premissa original do Padre Antônio Vieira, de que nada mais poderia falhar, logo, se pode refletir; Quem levou quem para Santos?[5]
O surpreendente ato de descrever sobre os caminhos desses entes que se atraem entre si, tanto o Dr. Custódio como o senhor Burgos, o fato de deslocarem-se de seu torrão natal, e na sequência dos fatos, num outro país, num pequeno e humilde Centro Espírita, juntam-se com outros tão formosos seres num resplandecer de luz intensa: Antônio Vieira, Custódio José Duarte, Antônio Pinheiro Guedes, Luiz José de Mattos, Luiz Alves Thomaz e Augusto Messias de Burgos, dando-nos somente um caminho, de que o amor e a vontade perante a lei de atração nunca falham, dessa forma, nada mais poderia sair errado na implantação da luz da verdade espiritualizadora para enfrentar as trevas em que permanece a humanidade.
Ainda vale lembrar, que de acordo com o Site Hemero Teca Digital - Revista A Renascença, o autor Alexandre da Conceição publicou em julho de 1878; “os encargos da sua formatura em medicina foi uma irreparável desgraça doméstica, que o levou a marchar para Cabo Verde, e de lá mandava todo o seu dinheiro para sua mãe e seus irmãos”... “Em Custódio José Duarte há, porém, uma cousa superior ao seu talento poético: é a sua grandeza moral, é a sua austeridade intransigente do seu caráter, é a elevação daquela alma inesgotável em dedicações”. Em vista disso nota-se ser um espírito de extrema sensibilidade e amor ao próximo.[1]
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1 Site Hemero Teca Digital - Revista A Renascença
2 Documento cedido pelo Diácono Manoel Santos da Diocese de Mindelo – Cabo Verde
3 Livro não publicado “A Vida e a Luta de Luiz de Mattos”, 1992, de Fernando Faria
4 Livro Como e por que se tornou Racionalista de Bernardo Scheinkman
5 Livro História do Racionalismo Cristão em São Vicente. Por Prof. João Vasconcelos - Universidade de Lisboa – 1911