António Vieira nasceu em Portugal no dia 6 de fevereiro de 1608 e faleceu em 18 de julho de 1697, no Brasil, sendo figura central no lançamento do Racionalismo Cristão na face da Terra.
A análise da sua índole, do seu temperamento, do seu idealismo revela afinidade impressionante com Luiz de Mattos.
António Vieira teve, no plano astral, quando ficou resolvido fosse esta Doutrina projetada no meio físico, grande número de companheiros que a ele se juntaram para a gloriosa missão. Os dois voluntários que se predispuseram a vir à Terra para, como duas colunas mestras, sustentar o arcabouço da Doutrina, foram, como sabem os racionalistas cristãos, os intrépidos e valorosos Luiz de Mattos e Luiz Thomaz.
Enquanto António Vieira e outros trabalhavam, intensamente, em plano astral pelo bom resultado das tarefas confiadas a Luiz de Mattos e Luiz Thomaz, estes enfrentavam, no ambiente pesado da Terra, toda forma de dificuldades que embaraçavam a execução dos seus elevados propósitos, e, somente quando se achavam no período de madureza, conseguiram firmar-se e implantar a Doutrina.
Durante esse tempo, permanecia Vieira, em seu mundo de luz, vigilante, enérgico, persistente e pronto a intervir, quando necessário, para que os fins colimados fossem alcançados.
A atuação de António Vieira, nesse interregno, foi de valor inestimável. Sem ele e seus colaboradores astrais, não teria sido possível atingir os resultados conhecidos.
O interesse de Vieira pela causa da espiritualização da humanidade vinha por ele sendo cultivado, através de séculos. Quando nasceu em Portugal, em 1608, para viver ora por lá, ora pelo Brasil, até 1697 ─ ano em que partiu do Estado da Bahia, no Brasil, para o Astral Superior ─ foi para identificar-se, profundamente, com a mentalidade dominante nas duas esferas de ação, e absorver, em sua natureza espiritual, os traços vibratórios das reformas que se impunham.
Pelo fato de haver dado, corajosa e lealmente, a interpretação, que sabia ser verdadeira, de determinados tópicos teológicos, atraiu para si a ira dos fanáticos.
Nunca, porém, se sentiu alquebrado pelo sofrimento e, altivamente, soube suportar as humilhações que lhe impuseram.
António Vieira foi padre a fim de poder colher, nessa investidura, importantes conhecimentos, que analisou no seu laboratório psíquico. Com o seminário ao seu dispor, instruiu-se, como convinha, e teve oportunidade de manter contato com o mundo intelectual da época, em razão do prestígio que lhe davam o talento e a cultura que possuía. Consideraram-no um dos mais brilhantes homens do século em que viveu, não só na órbita portuguesa, como na internacional.
Distinguiu-se como orador eloqüente, como vernaculista exímio e escritor esmerado. Na literatura, nenhum prosador português o excedeu na exuberância e na propriedade do vocabulário empregado. Suas obras compreendem cerca de duzentos sermões, mais de quinhentas cartas e numerosos escritos políticos e literários.
Em Vieira, preponderavam as coisas do espírito. Austero e renunciante, as comodidades, o conforto e as conveniências pessoais não o atraíam. Era fiel a si mesmo, aos preceitos cristãos, junto aos quais se conservava, pouco lhe importando as desventuras que o pudessem atingir. Nada fez para evitar que o prendessem, e, uma vez encarcerado em pequena cela escura, não se deixou abater, mantendo intacta a sua dignidade. Conhecia-se como espírito em evolução e as vicissitudes por que passava não alteravam sua fortaleza interior, consciente da inferioridade espiritual dos seus algozes e da duração passageira das suas injustiças.
As torturas morais e materiais que lhe infligiram seus companheiros serviram para melhor sentir os erros do fanatismo dominante e o flagrante desvirtuamento do cristianismo.
Por outro lado, as lições colhidas nas fases mais adversas de sua vida caldearam-lhe o espírito, curtiram-lhe a alma cristalina e deram-lhe o suficiente ensejo para robustecer o seu propósito de restabelecer a verdade cristã. Esse trabalho de remodelação resultou na elaboração da doutrina racionalista cristã, que hoje ganha corpo na Terra, com a divulgação de seus princípios espiritualistas.
Voltando ao seu mundo espiritual, depois de existência terrena de quase noventa anos, levou consigo um cabedal de experiências e conclusões que o habilitaram a planejar o futuro do Brasil no campo da espiritualidade e, conseqüentemente, no da humanidade. Duzentos e treze anos decorreram do seu falecimento até à fundação da primeira casa racionalista cristã, em Santos, Estado de São Paulo (1697 ─ 1910).
Esse tempo foi necessário para estabelecer os meios, os locais e escolher os espíritos que teriam de ser alistados para a grande ofensiva contra o desconhecimento espiritual, e também para dar tempo ao tempo, evitando as improvisações e inoportunidades.
Tanto Luiz de Mattos como Luiz Thomaz e os demais espíritos que tomaram parte no lançamento da Doutrina na Terra, sob a direção central de Antônio Vieira, estão unidos, desde os primeiros momentos em que foram firmadas as bases desta obra espiritualizadora, e unidos continuarão, acompanhando e dirigindo sua evolução, até que alcance a meta principal de esclarecimento da humanidade.
A personalidade de António Vieira está bem caracterizada na história universal, por onde se confirma a natureza varonil, independente, destemerosa e segura das suas convicções. Foi um grande orientador. Segundo os historiadores, esse homem extraordinário foi um dos mais ilustres de toda a história lusa. O rei de Portugal D. João IV ouvia-o antes de tomar qualquer decisão importante. Fê-lo embaixador em espinhosos encargos, sempre confiante no desempenho elevado das suas missões. Era leal e verdadeiro nas exortações, havendo-se mostrado um baluarte na defesa da moralidade dos costumes e na rigidez do procedimento. Vieira era um lema, uma bandeira, um farol. Irredutível em questões de honestidade, foi exemplo de fidelidade aos seus princípios, e mestre no sustentar a pureza da filosofia que adotava.
Vieira era considerado o homem mais capaz de que dispunha Portugal para defender o país das artimanhas da política interna e externa nessa ocasião. Foi, a um só tempo, missionário e diplomata, financista e estadista, além de filósofo. À admirável fecundidade de sua inteligência eram submetidas as questões de economia, de impostos, as relacionadas com as instituições de comércio, com a marinha, com a guerra, as cessões de territórios, os tratados, as alianças.
António Vieira, embora amando a terra lusa, sentia-se também brasileiro, e seu sotaque era mais do Brasil do que de Portugal. Somente a grande amizade que nutria por D. João IV fez com que não passasse mais anos na então colônia ocidental. Contudo, viveu o bastante, de um lado e do outro, para conhecer bem a formação moral dos dois povos irmãos. Vieira era um elo, um traço de união entre essas duas grandes florações humanas. Sua vida foi fértil em realizações e pródiga em ensinamentos.
O Racionalismo Cristão tem, pois, a estruturação da sua doutrina firmada sobre o patrimônio moral e espiritual de valorosos homens e mulheres, que deixaram na Terra o rasto luminoso de sua grandeza.
António Vieira foi, indiscutivelmente, o patrono do Racionalismo Cristão, o seu idealizador e inspirador fecundo em plano astral. Com os dois companheiros que figuram como fundadores da Doutrina no plano físico ─ Luiz de Mattos e Luiz Thomaz ─ constituiu a tríade que enriqueceu o mundo com a ilustração verdadeira dos conhecimentos espirituais que o Racionalismo Cristão vem difundindo.
Compreende-se o valor do Racionalismo Cristão através da luminosidade dos seus fundadores, entre os quais, em plano astral, como estrela de primeira grandeza, fulgura, destacadamente, António Vieira.
Fonte:
http://www.racionalismo-cristao.org/biblioteca-digital.html - Livro Prática do Racionalismo Cristão - 13ª edição - Rio de Janeiro – 2009