Amílcar Lopes Cabral
nasceu em 12 de setembro de 1924 em Bafatá, na Guiné, filho de Juvenal Lopes
Cabral e de Iva Pinhel Évora.
Aos 12 anos de idade junta-se ao pai, que nessa altura já havia regressado a Cabo Verde, e efetua os seus estudos primários na Rua Serpa Pinto, na Praia.
Em 1945, Cabral é um
dos primeiros jovens das colônias portuguesas a ser contemplado com uma bolsa
para freqüentar os estabelecimentos de ensino superior em Portugal e
matricula-se no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa. A vida de estudante
constituiu uma oportunidade para aprofundar o seu sentimento progressista
anti-colonial, participando ativamente nas atividades estudantis clandestinas
que se desenvolviam à volta da Casa dos Estudantes do Império e da Casa de
África; foi aí que veio a conhecer Marcelino dos Santos, Vasco Cabral,
Agostinho Neto, Eduardo Mondlane e outros estudantes que viriam a ser futuros
líderes dos movimentos de libertação.
Estando de férias em
Cabo Verde, em 1949, Cabral participa na Rádio-Clube elaborando um conjunto de
programas de índole cultural que logo são interditados pelas autoridades,
devido à sua mensagem nacionalista que era bem acolhida sobretudo no seio dos
jovens.
Regressando a Lisboa
para continuar os estudos, Cabral retoma as suas atividades políticas, com os
estudantes africanos, não obstante a vigilância cerrada e as ameaças cada vez
mais insinuantes da polícia política portuguesa, a PIDE (Polícia Internacional
e de Defesa do Estado).
Em 1952 Cabral
terminou o curso e casou-se com Maria Helena Atalaide Vilhena Rodrigues.
No início de 1953 Cabral é colocado como engenheiro agrônomo na Guiné-Bissau, para trabalhar na estação agrária experimental de Pessubé. Ele aproveita-se então da sua atividade profissional para percorrer a Guiné de ponta a ponta e adquirir um bom conhecimento do terreno bem como da constituição social das suas populações; é Cabral quem realiza o primeiro recenseamento agrícola dessa colônia portuguesa.
No início de 1953 Cabral é colocado como engenheiro agrônomo na Guiné-Bissau, para trabalhar na estação agrária experimental de Pessubé. Ele aproveita-se então da sua atividade profissional para percorrer a Guiné de ponta a ponta e adquirir um bom conhecimento do terreno bem como da constituição social das suas populações; é Cabral quem realiza o primeiro recenseamento agrícola dessa colônia portuguesa.
Depois de ter
militado durante cerca de um ano no MING (Movimento de Libertação Nacional da
Guiné), Amílcar Cabral decide fundar o PAIGC (Partido Africano da Independência
da Guiné e Cabo Verde), a 19 de setembro de 1956.
Um ano mais tarde,
Amílcar Lopes Cabral foi trabalhar em Angola e aí participou também na criação do
MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) em Luanda, tendo desenvolvido
uma intensa atividade na mobilização de jovens angolanos para a luta contra a
dominação colonial.
Em dezembro de 1957,
Cabral viaja para Paris onde se encontra com Marcelino dos Santos, da FRELIMO
(Frente de Libertação de Moçambique), e com Lúcio Lara, Mário de Andrade e
Viriato da Cruz, do MPLA. Juntos resolvem então realizar a primeira reunião de
concertação entre os movimentos de libertação das colônias portuguesas, na qual
decidem cooperar em atividades conjuntas no campo internacional e criar em
Lisboa um centro que coordenaria as ações entre esses movimentos. Na seqüência
dessa reunião, Cabral ao regressar de Paris passa por Lisboa onde mobiliza os
estudantes nacionalistas africanos para criarem o MAC (Movimento Anti
Colonialista), primeira organização clandestina formada em Portugal por
estudantes oriundos das colônias portuguesas.
Cabral desenvolve
nessa altura uma série de contactos visando buscar apoios externos para a luta
contra a dominação colonial.
Depois do massacre
de Pidjiguiti realizado em Bissau pelas forças coloniais de repressão, a 3 de
agosto de 1959, ele resolve regressar à Guiné-Bissau onde reúne a direção do
PAIGC para analisar a situação da luta no país. Fica então decidido que o PAIGC
deveria dar atenção prioritária à mobilização das populações rurais, com vista
à preparação de condições para a passagem à luta armada, já que a repressão
colonial havia demonstrado não admitir nenhuma veleidade de contestação legal
ao sistema.
Em 1960, Cabral
decide fugir com os seus companheiros para a Guiné-Conakry onde passaria a
ficar instalada a sede do PAIGC. A partir desse país ele trabalha ativamente
nos preparativos para o reforço do PAIGC e o arranque da luta armada de
libertação nacional.
Em abril de 1960, em
Casablanca, ele participa na criação da Conferência das Organizações
Nacionalistas das colônias Portuguesas - CONCP.
Durante cerca de
três anos Amílcar Cabral desenvolve uma intensa atividade de mobilização das
populações no interior da Guiné, ao mesmo tempo que, no campo internacional
desenvolve contatos para a obtenção dos apoios indispensáveis para a passagem a
uma nova fase de luta.
A 23 de janeiro de
1963 inicia-se a luta armada na Guiné-Bissau.
Revelando-se um
homem de grande capacidade intelectual e dotado de uma firme convicção na luta
pela liberdade e a justiça social, Amílcar Cabral dedicou todos os seus
esforços em prol da independência dos povos da Guiné e de Cabo Verde. De forma
genial ele conseguiu conjugar os sucessos que se iam alcançando no terreno da
luta militar na Guiné e no da luta política clandestina em Cabo Verde, com o
desenvolvimento de uma ação diplomática que ele pessoalmente conduziu da forma
mais eficaz.
Vários acontecimentos
cruciais durante os anos da luta de libertação nacional constituem hoje datas
marcantes da história de Cabo Verde cuja ocorrência se deve fundamentalmente à
ação incansável de Amílcar Cabral. De entre eles podemos destacar:
• a elaboração em
1965 das "Palavras de Ordem" do PAIGC destinadas aos combatentes;
• o juramento de
fidelidade realizado a 15 de janeiro de 1967, pelo primeiro grupo de 30
cabo-verdianos que receberam formação militar, com vista à preparação para a
luta em Cabo Verde;
• a realização do
Seminário de Quadros do PAIGC, em 1969;
• o reconhecimento
do PAIGC pelas mais altas instâncias internacionais;
• o encontro do Papa
em Roma, com os dirigentes dos movimentos de libertação das colônias
portuguesas, em 1972;
• a preparação da
independência da Guiné-Bissau.
Devido ao sucesso
inquestionável que a sua ação vinha conseguindo, fazendo com que o sistema
colonial português se sentisse cada vez mais desesperado no plano interno e
mais isolado no plano internacional, Amílcar Cabral foi barbaramente
assassinado a 20 de janeiro de 1973, por agentes a soldo do colonialismo.
(Colaboração de
Manuel ROCHA, fevereiro de 2007. Dados extraídos do livro Liberdade, ainda e
sempre ..., de autoria da Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria
(ACOLP), editado em julho de 1997)
Amilcar Lopes Cabral Presidente Astral da Filial Avenida da Holanda do Racionalismo Cristão, São Vicente, Cabo Verde |
Amílcar Lopes Cabral
Por Manuel Rocha
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