Espíritos da categoria do fundador
do Racionalismo Cristão só podem vir a este mundo para desempenhar importante
compromisso contraído no Astral Superior.
Para uns, o encargo é singelo, para
outros, mais complexo, porém, para alguns raros, é árduo, e projeta-se além das
fronteiras da pátria, estendendo-se pelo mundo.
Luiz de Mattos nasceu em Portugal no
dia 3 de janeiro de 1860 e faleceu em 15 de janeiro de 1926, no Brasil, fazendo
do seu viver uma trajetória luminosa. Trouxe para executar, quando por aqui
esteve, grandiosa tarefa espiritual destinada a transpor os limites
continentais, e viveu o tempo necessário para que seu idealismo fosse
implantado com segurança no planeta, em cumprimento do dever que o fez vir à
Terra, passando de livre-pensador a convicto espiritualista.
Possuía, no mais alto grau,
qualidades humanas cultivadas pelos seres conscientes. Foi exemplo de bondade,
de firmeza, de honradez e de bravura ─ atributos que só os espíritos evoluídos
possuem. Por isso modesto, era categórico ao afirmar que o livro intitulado Racionalismo
Cristão, obra essencial da doutrina racionalista cristã, pertencia ao Astral
Superior, sendo tão-somente o seu codificador, a serviço das Forças Superiores.
Como chefe, soube fazer-se
respeitado e amado, com a superioridade das suas maneiras pessoais distintas,
de tolerância e de estímulo. Todos os bons, os compreensivos, os que não
cultivavam a inveja e a mentira não escondiam o bem imenso que lhe tributavam.
Luiz de Mattos distribuiu, a
mancheias, o seu saber e o calor da sua alma forte e generosa, e não conheceu
os deslizes depreciadores que se encontram em caracteres vulneráveis que se
desmerecem nas posições que ocupam.
Homem de atitudes, de ação e de
princípios, soube engrandecer, com seu nome e o extraordinário valor de que era
dotado, a pátria que lhe serviria de túmulo, o Brasil, à qual tudo deu de
melhor, numa vida de lutas e de glórias, de esperanças e de realizações, de
gestos largos e de imensurável altruísmo.
Humanista por excelência, Luiz de
Mattos foi considerado polêmico, porque defendia causas sociais de extrema
importância para os seres humanos. Era abolicionista, republicano e
espiritualista. Combatido e criticado, nada temia, pois não combatia pessoas.
Defendia idéias.
Ensinou que o espírito não tem cor, raça
ou sexo. O ser humano ao nascer tem como meta a evolução espiritual, e, para
essa conquista, deve ter direitos iguais. Assim sendo, era necessário que
houvesse igualdade de oportunidades para todos. Esse era o ideal de Luiz de
Mattos, a razão de sua luta gigantesca. Entendia que a evolução somente se
daria pela prática do espiritualismo autêntico.
Em todas as suas atividades
distinguiu-se, sempre, pela ponderação, pelo critério, pelo acerto das
proposições firmadas em segura base e ditadas pelo equilíbrio da sua orientação
racional.
Mestre dos mestres, impôs-se pelo
poder da sua eloqüente e concisa oratória, pela sabedoria dos seus conceitos
vazados em conhecimentos originais de alta transcendência. Suas opiniões
apresentavam-se de tal modo inspiradas que serviam de roteiro, até mesmo, a
supremos dirigentes do Brasil.
As obras que deixou, os seus
memoráveis escritos, a sua famosa "Notas", coluna do jornal A Razão,
que fundou em 1916 juntamente com Luiz Thomaz, são fontes perenes de inspiração
para novas produções e normas de viver que todos devem seguir, além de
advertências enérgicas e úteis para os que desejam acertar nas experiências
diárias e na marcha pelo torvelinho da vida. O jornal tornou-se instrumento
hábil na divulgação dos seus ideais, sempre com a preocupação de valorizar o
ser humano esclarecido, honesto, lutador, voltado para o cumprimento dos
deveres.
Jornalista emérito, militou na
imprensa com disciplina equilibrada, sadia, construtiva e enaltecedora das
virtudes humanas. Sua pena vigorosa esteve sempre a serviço dos oprimidos, com
o desejo de vê-los recuperados e integrados no seio da coletividade, de posse
das legítimas reivindicações conquistadas.
Desprendido de bens materiais,
jamais se deixou seduzir por eles, o que importava em poder usar de liberdade
plena em suas admoestações. Revelou-se um educador esmerado em jornalismo, em
que deu sempre exemplos de honorabilidade, de envergadura moral e de amor à
verdade, com profundo respeito pela opinião dos seus opositores, tanto que, fazendo
do seu jornal uma tribuna livre, punha-o à disposição, para publicação
gratuita, da contestação que desejassem fazer dos seus escritos.
Espírito profundamente liberal e
democrático, como jornalista expunha, com exemplar coragem e, muitas vezes,
temerariamente, suas idéias, sem as impor a ninguém; era autêntico paladino do
debate, por achá-lo indispensável ao esclarecimento do povo.
Escusado é dizer que, por estar
permanentemente apoiado na verdade espiritualista, com a qual fazia sua
trincheira, sempre levava a melhor em todas as campanhas que empreendeu.
Os opositores, faltos de argumentos,
abandonavam o campo de luta, ao cabo das primeiras escaramuças, e o grande
público leitor do jornal testemunhava, entusiasmado, as vitórias sobre vitórias
do bravo lidador, a quem não regateava o aplauso e o estímulo.
Luiz de Mattos sobressairá, sempre,
para seus admiradores, como uma das mais vivas e generosas fontes de
inspiração.
Seus exemplos de vida luminosa,
dedicada ao bem da humanidade, jamais serão esquecidos.
Em forma astral, pode ser concebido
como grande e reluzente estrela, a desfazer, com o clarão dos seus raios, as
sombras do desconhecimento espiritual — única maneira de transformar o mal em
bem, a pobreza em riqueza e a obscuridade em luz.
Doutrinação de Luiz de Mattos
Quando sentirem o ânimo fraquejar,
quando perceberem que a vontade se abate e o desânimo tenta envolvê-los, elevem
o pensamento, desprendam-se de tudo que possa perturbá-los e procurem, dentro
de si mesmos, a serenidade, a paz e a conformação de que carecem, para
enfrentar e suportar as vicissitudes da vida.
Não há quem não tenha reveses,
desilusões e sofrimentos neste mundo. Para alguns, os resgates são mais leves.
Para outros, entretanto, são mais pesados, por serem maiores as dívidas
espirituais contraídas em existências passadas, ou pelo mau uso do
livre-arbítrio na atual.
De qualquer maneira, todos têm o
dever de enfrentar reveses e saldar dívidas, sem revolta, sem protesto, sem
indignação.
Um espírito esclarecido e de vontade
forte encara a vida com realismo, só esperando aquilo a que faz jus por seu
esforço, por seu trabalho, por sua luta, portanto, o merecimento pelas ações
que pratica.
É ilusão, é puro engano pretenderem
que a vida terrena seja, apenas, de compensações e alegrias. Isso não é
possível, nem o admitem os que têm noção da dinâmica evolutiva. Basta
considerarem que não há progresso sem luta, e atentarem para o fato de que toda
luta origina sofrimentos, que o ser humano tem o dever de esforçar-se para
vencer, ou atenuá-los com vontade forte, voltada sempre e unicamente para a
prática do bem.
A vontade consciente e fortalecida
por seu exercício constante constitui-se numa força do mais alto poder. Pena
que os seres humanos não tenham sempre presente essa grande verdade.
Os ensinamentos do Racionalismo
Cristão são de solar clareza. Quando postos em prática, levantam, podemos assim
dizer, corpos e espíritos.
Caminhem pelas amplas estradas da
vida com passo firme e fronte erguida, e não se deixem abater diante dos
obstáculos que tiverem de enfrentar. O abatimento é incompatível e
inconciliável com o esclarecimento espiritual. Seja qual for a intensidade do
golpe, sejam quais forem os vendavais morais, o ser esclarecido tem o dever de
tudo enfrentar, valorosamente, corajosamente, para poder sair vitorioso e
engrandecido dessas lutas.
O mundo é dos fortes. Mas não pensem
que nos referimos aos fortes do físico. A verdadeira fortaleza é a da alma. Não
alimentem ilusões: o mundo é dos que possuem fortaleza de ânimo e valor
espiritual.
Todos sabem que na grande escola,
que é o Racionalismo Cristão, não há lugar para abrigar fraquezas. O que devem
cultivar são o sentimento de confiança em si mesmos e a capacidade para a luta,
e dela saírem vitoriosos.
É o que procuramos fazer compreender
aos que vêm às nossas Casas. Outra não é a finalidade da insistência com que
recomendamos a leitura dos livros editados pelo Racionalismo Cristão, por
ensinarem a pensar e a raciocinar, para que aprendam a separar o joio do trigo,
adquirindo personalidade espiritual suficientemente forte, para dominar e
vencer as muitas e constantes intempéries da vida.
Observamos, porém, que são muitos os
que se negam à reflexão sobre os ensinamentos que colocamos ao seu alcance, e,
não raro, interpretam erradamente os salutares princípios da nossa Doutrina.
Devemos advertir sobre essa tendência, para não incidirem no erro. Os
ensinamentos do Racionalismo Cristão, por sua notável clareza, pela singular
objetividade do seu conteúdo e pelos benefícios que prestam, precisam ser
levados a sério.
O ideal seria que em todas as
cidades do mundo existissem casas racionalistas cristãs com portas abertas para
receber toda gente, de todas as categorias sociais, das mais humildes às mais
poderosas, materialmente falando, já que nos planos espirituais não há poder
que não resulte da evolução do espírito, e que não seja aplicado exclusivamente
para o bem.
Como tal não é possível, pelo menos
por enquanto, por falta do elemento mais precioso e indispensável, que é o ser
humano, simples, desprendido e desejoso de contribuir desinteressadamente para
o bem da humanidade, continuem a receber, nas que já estão abertas, os que a
elas chegarem, dispensando-lhes o mesmo respeitoso e afetuoso trato, dentro das
normas de educação e civilidade, que devem fazer parte dos hábitos dos
racionalistas cristãos.
Muito embora saibamos que os seres
humanos estão, na sua maioria, longe ainda de alcançar a fase evolucionária
representada pelo primado do espírito sobre a matéria, os esclarecidos sobre a
espiritualidade têm o dever de formar correntes de pensamento elevado,
propugnando pela paz e pelo bem geral da humanidade, ainda que compreendam que
a concretização desse ideal depende do entendimento espiritual da vida.
Não poupem esforços para se manterem
sempre lúcidos, porque só com lucidez o ser humano tem condições de cumprir seu
dever.
Revoltas, conversas inflamadas,
discussões e rebeldias do espírito só podem causar angústia, descontrole,
perturbação e obsessão.
A pessoa que com freqüência se
revolta, mais dia menos dia, fica obsedada. Quando homens e mulheres
compreenderão a necessidade de serem honestos e espiritualizados?
Aos esclarecidos pelo Racionalismo
Cristão causa profunda decepção observar a maneira incorreta como pessoas
inteligentes se conduzem, supondo que existem segredos no mundo espiritual, que
as mazelas que praticam ficam escondidas. Puro engano! Ao mundo espiritual nada
escapa. E mesmo no plano físico, mais hoje mais amanhã, todas as ações erradas
acabam por ser descobertas.
O progresso, tanto espiritual como
material, se faz pelo estudo, pelo trabalho e pela compreensão da vida. Por
isso, evitem discussões, atentados contra a ordem e a vontade da maioria, e
fujam de distúrbios, que somente males ocasionam.
O respeito e a dignidade de um povo
estão na sua civilização, e não, e nunca, na dissolução dos costumes, na
licenciosidade, na revolta e na desordem. Desordem gera confusão, e esta impede
o progresso.
Todos são livres para pensar como
entenderem. Os que estão, porém, a serviço do Racionalismo Cristão, têm deveres
maiores e, entre eles, o de raciocinar muitíssimo, para evitar o cometimento de
erros, dos quais terão, mais tarde, de arrepender-se.
Fonte:
http://www.racionalismo-cristao.org/biblioteca-digital.html - Livro Prática do Racionalismo Cristão - 13ª edição - Rio de Janeiro – 2009
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