Viveu
entre 28 de fevereiro de 1898 e desencarnou em 4 de dezembro de 1986, aos 88
anos. Nasceu em São Vicente, onde desfrutou de sua infância e parte da sua
vida como funcionário público.
Aos 7
anos de idade aprendeu os primeiros acordes básicos com o único tocador de
violão então existente em São Vicente (diz-se), por sorte, seu vizinho, o qual
ministrava as lições de forma muito original.
Luis
Rendall é uma figura ímpar na cultura cabo-verdiana, na vertente da música,
encontrando-se o seu nome no rol daqueles que Cabo Verde evoca com saudade,
carinho e gratidão, pois efectivamente deu voz à alma crioula nas suas
belíssimas mornas, na magia do seu violão e, principalmente, nos seus famosos
solos.
Vivia
na Boa Vista como funcionário público, mas tornava-se maior quando se
encontrava com os grandes tocadores de violão de Sao Vicente de sua época,
como, Lela Preciosa, Antonzinho, e o seu aluno Angelo Lima, era um presente
ouvi-lo, foi magistral e inconfundível.
Luis Rendall, continua uma referência entre os grandes artistas de nosso país, porém uma referência obrigatória no contexto cabo-verdiano, para novas gerações.
Segundo
o site Fotolog, Luis Rendall, era
considerado "o pai do solo do
violão cabo-verdiano".
Criador
das mais belas composições da mùsica instrumental cabo-verdiana que,
infelizmente, não foram salvaguardadas, ficando poucos para a posteridade.
Existem apenas dois LP's "Cabo verde e seu compositor" e
"Memorias de um violão", três singles de 45 rotações e cassetes
gravadas pela Ràdio Nacional. Hà também trechos de um documentàrio sobre o
mestre, produzido pela Radiotelevisão Portuguesa, guardados nos arquivos da Televisão
de Cabo Verde.
Fora a mùsica, foi guarda-fiscal, continuo do liceu e faroleiro na Boavista.
Chegou a tocar na Banda Municipal de São Vicente.
Participou na Exposição Colonial, em Setembro de 1934 na cidade do Porto. Segundo noticias dos jornais da época "O Século" e "Comércio do Porto", o dia de Cabo Verde na exposição foi marcado por uma tarde cultural em que Luis Rendall e seu grupo interpretaram temas de B.Leza e de Henrique Lopes Tavares.
Participou na Exposição Colonial, em Setembro de 1934 na cidade do Porto. Segundo noticias dos jornais da época "O Século" e "Comércio do Porto", o dia de Cabo Verde na exposição foi marcado por uma tarde cultural em que Luis Rendall e seu grupo interpretaram temas de B.Leza e de Henrique Lopes Tavares.
Muito mais tarde voltaria a Portugal, numa inesquecida jornada, num conjunto em
que faziam parte também Agostinho Fortes, Celso Estrela, Taninho Evora
(violões) Djosinha, Titina, Mité Costa e Arlinda (cantores), tendo ali
registado, pelo menos, um single de 45 rpm.
Prestamos
esta homenagem ao mestre do violão Luís Rendall, nesta data em que relembramos
o seu 116º. Aniversário de seu nascimento, com esta gentil crônica dedicada ao
inesquecível mestre, com a seguinte nota:
“Escrito
no dia de sua desencarnação, 04 de Dezembro de 1986, após ouvir o anúncio da
mesma, na Rádio Nacional de Cabo Verde. Tivemos a honra e o prazer, eu e
meu marido Antão da Luz, de receber o amigo Luiz Rendall, em nosso lar,
algum tempo antes de sua desencarnação, aquando da passagem de um dos
aniversários de meu marido. Naquele inesquecível dia, ouvimos, embevecidos, os
sons harmoniosos de sua maravilhosa e sempre lembrada música.”
UM NOVO FAROL BRILHA NO HORIZONTE
Todos choram, todos reclamam, todos lamentam a perda
que Cabo Verde acaba de sofrer.
- Será de chorar?
- Será de reclamar?
- Será de lamentar o desaparecimento físico desse que
nos fez vibrar, rir de encanto, chorar de emoção ao ouvi-lo dedilhar seu
violão?
Creio
que nada disso traduzirá o muito que se fará sentir em nossas almas.
Se nos associarmos à sua lembrança e pensarmos que
aquele que foi outrora faroleiro se transformou ele próprio em farol, o choro
dará lugar à nostalgia da saudade, não nos deixará reclamar a sua partida, pois
ela tem que ser certa para que da noite nasça o dia, e, com ele um novo sol desponte
mais brilhante e mais quente.
Tu,
Luís, deixaste de “existir”, mas tua estrela despontou e hoje não tens nome.
Hoje és vida, és calor, és luz. És uma estrela entre tantas que nos iluminam,
nos inspiram, e, dela estou certa algo há-de nascer.
Não
há que lamentar, mas sim recordar com saudades e tentar imitar tua devoção.
Feliz
de ti que partiste deixando saudosa lembrança!
Teus
dedos dedilharam a antecipada vitória, a música por ti criada ficou para nós
como bálsamo para nossas dores.
Música
que nos embala, nos lembra um mundo melhor, nos faz, enfim, esquecer as agruras
da vida.
Parabéns
a Ti que de faroleiro em farol te tornaste!
Aqui
fica meu sincero voto:
“QUE
NA ESTRADA CRIADA PELA PROJEÇÃO DE TUA LUZ OUTROS
CAMINHOS SE ABRAM RUMO A NOVAS VITÓRIAS”
Por Aida Almeida Lopes da Luz.
Luis Rendall no ensaio para as gravações de
"Guitar e Mi"