No meio de 55
homens, ZAU foi a única mulher que participou na fundação da REPÚBLICA DE CABO
VERDE.
Foi no dia 4
de julho de 1975, véspera da Independência Nacional, na primeira sessão da
Assembleia Nacional Popular que se realizou no Salão da Câmara Municipal da
Praia. Durante 4 horas (das 16,30h às 20,40h) Isaura “Zau” Gomes e mais 55
outros deputados saídos da eleição de 30 de junho para além de aprovarem
solenemente o texto da Proclamação da República de Cabo Verde também elegeram
Aristides Maria Pereira como Presidente e Pedro Verona Pires como
Primeiro-ministro.
O fato da Republica ter sido proclamada pela Assembleia Nacional Popular e a independência assinada pelos deputados e não pelo partido político que liderou o movimento da independência pode parecer insignificante no contexto histórico mas não é; esse “pormenor” fez com que o parlamento fosse, até hoje, o centro nacional do debate político onde, até 1981, Isaura Gomes “bateu o pé” como a única mulher num plenário dominado por homens e onde os direitos da mulher eram relegados para segundo plano. A meio tempo ajudou a fundar a OMCV, Organização das Mulheres de Cabo Verde, e foi fundamental na mudança da cultura machista então reinante no partido único.
A RUTURA
Isaura Gomes “bateu
o pé” no primeiro parlamento cabo-verdiano ate que foi “proscrita”
pelo regime no princípio da década de 80, ela que lutava por mais liberdade e
pela democracia muito antes dos ventos da mudança.
De 1981 a 1991
diz foi perseguida e que “passou muito mal”, mas ressurge em 2000 como
vereadora na Câmara Municipal de São Vicente.
O resto já
sabem; em 2004 derrota o seu antigo partido nas eleições municipais,
tornando-se a primeira mulher presidente de Câmara em Cabo Verde. Foi reeleita
4 anos depois, mas renunciou em 2011 por razões de saúde.
FARMACEUTA E
ATIVISTA
Isaura Tavares Gomes nasceu em Mindelo em 1944 no seio de uma família humilde. Nunca conheceu o pai, mas guarda um enorme carinho pela mãe que era vendedeira no mercado. Apesar das dificuldades Isaura terminou o Liceu como a melhor aluna desse ano letivo, mesmo assim, viu recusada uma bolsa de estudo que foi entregue a filho de um português que tinha nota muito inferior, mas com a ajuda de um dentista benevolente a jovem Isaura lá conseguiu uma bolsa para estudar em Coimbra onde se formou em farmácia em 1967. Depois de trabalhar algum tempo em Portugal volta para Mindelo em 1970, onde cria o primeiro laboratório de análises clínicas de Cabo Verde que servia também de local de reunião clandestina para os opositores ao regime colonial portuguesa.
Em 30 de junho de 1974 é eleita deputada nacional na lista única do PAIGC nas primeiras eleições diretas em Cabo Verde e viaja para Praia para assinar a Proclamação da República de Cabo Verde, ficando na história como a única mulher sua fundadora e primeira deputada de Cabo Verde, numa altura em que nem se sonhava com a lei da paridade...
E se Cabo
Verde é hoje um país independente e com mais liberdade, se hoje Cabo Verde é um
país onde a Mulher tem seus direitos mais ou menos garantidos, tudo isso se
deve também a essa mulher de fibra para quem ser feliz é ajudar os outros a ser
feliz.
As mulheres de
Cabo Verde agradecem, Zau!